Fábrica de Vespas, Iain Banks


Este livro foi uma cortesia da editora Darkside Books

O filósofo inglês Thomas Hobbes afirmava em sua obra mais famosa, O Leviatã, que o homem é essencialmente mau. A natureza humana é corrompida e má e o indivíduo, que não sabe viver socialmente, necessita de um estado autoritário para o controlar. Acima de tudo, afirmava também que um homem se impõe a outro unicamente através da força e a utiliza para obter tudo aquilo que deseja. Agora segura essas informações e vamos conversar sobre um mocinho estranho...


Frank Cauldhame é um adolescente que vive com seu pai em uma ilha. Frank tem 16 anos e, por não ter sido registrado no nascimento, é apresentado à sociedade como sobrinho de seu pai. Os passatempos diários de Frank envolvem rituais, que ele mesmo desenvolveu e criou, explorar a ilha em que vive e torturar animais. Isso agora, porque em um tempo passado, essas diversões incluíam assassinar outras crianças. Aos 16 anos, Frank já havia assassinado três pessoas e seu irmão estava internado em um hospital psiquiátrico, porém escapa e promete a Frank ir encontra-lo. Essa jornada através dos dias esperando pela chegada do irmão é o principal foco do livro. O pai de Frank, um senhor recluso, misterioso e peculiar, sabe que o filho escapou do hospital, mas não sabe que ele liga para Frank e pretende ir até sua casa. Eric, o irmão fugitivo, tem rompantes de raiva no telefone que deixam em aberto se o encontro com Frank será amigável ou não. Essa tensão se avoluma página após página até, literalmente, as últimas.

Uma boa sacada de Iain Banks em seu livro de estreia foi usar a figura de uma criança. Por estarmos habituados a ver atos criminosos sendo cometidos por adultos, modificar essa imagem e colocar nas páginas uma criança cometendo assassinatos é garantia de fisgar a atenção do leitor. O ambiente em que se concentra a narrativa também foi muito propício: uma ilha isolada onde Frank quase não tem contato com o mundo além da ponte e, quando tem, é através da senhora que entrega as compras ou de seu amigo anão.

Fábrica de Vespas possui uma narrativa lenta e construtora. Os capítulos são bem compridos, com exceção de dois, e em todos eles há a construção de algo a mais para estruturar o que o autor pretende com a interação provável futura de Frank e seu irmão, Eric. Por exemplo, Eric atacava as outras crianças jogando minhocas nelas e o autor usa um capítulo para apresentar um fato passado e justificar para o leitor o motivo de tal ação do personagem. Eu gosto desse estilo de narrativa, mas os capítulos são longos e não apresentam apenas um fato passado, logo poderiam ser mais divididos. Outro fato que me incomodou foi a banalidade das ações de Frank. Assim como em Prince of Thorns, o protagonista é mau apenas porque... bom, porque é. Vai ter que bastar. Frank não possui motivos, nem traumas, que justifiquem os maus tratos. Os rituais que citei, onde ele usa animais mortos, não tem suas intenções bem elucidadas e o leitor se pega uma boa parte do tempo se perguntando “Tá, pra que?”.

Publicado em 1984, Fábrica de Vespas recebeu, em quantidades semelhantes, elogios e críticas. Romance de estreia de Iain Banks, ganhou agora uma edição lindíssima pela Darkside Books que conta também com um prefácio do autor que dá algumas dicas sobre coisas que aparecem no decorrer da história. Ah, sabe essas teorias que você faz enquanto lê um livro? Aqui você fará várias e nenhuma delas chegará sequer perto do que o final tem reservado. Nenhuma! Agora dá licença que é hora do meu ritual diário...

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