Evangelho de Sangue, Clive Barker



Este livro foi uma cortesia da editora 
Darkside Books

Em 1987 chegava aos cinemas a produção britânica de Hellraiser, adaptada e dirigida pelo próprio autor do livro, Clive Barker. O que Barker provavelmente não esperava é que o filme atingisse um sucesso de público enorme, se tornando um grande ícone da cultura pop no gênero do horror e que o personagem principal, Pinhead, criado exclusivamente para o filme, se tornaria muito popular e ganharia um livro, finalmente, mais de 20 anos após o lançamento do primeiro filme.

Evangelho de Sangue começa com uma cena de alguns magos se reunindo para trazer outro a vida. Esses magos têm seu ritual interrompido pela chegada do Sacerdote do Inferno (que se irrita muito de ser chamado de Pinhead), que, em busca de artefatos que estão em posse dos magos, começa uma chacina coberta de escatologia e brutalidade, naquele estilo a lá Barker que conhecemos e adoramos - Eu não me impressiono nada facilmente e fiquei bem enojado, por isso adorei e continuei. Norma é uma senhora sensitiva que ajuda os espíritos recém desencarnados a acharem seu caminho. Um dia ela recebe um espírito que lhe pede um favor. Esse homem tinha uma casa escondida, onde praticava coisas que gostaria de manter em segredo da sociedade e de sua família, e pede a ela que peça a Harry D’Amour, personagem recorrente de outros livros do autor, que o ajude na missão de manter o segredo. Que coisas são essas? Eu deixo para você descobrir. Na casa, Harry encontra a Caixa de Lemarchand, que você já deve saber o que é, mas caso não saiba... Tudo era uma armadilha, a Caixa se resolve sozinha e um portal para o inferno se abre. De lá saem Pinhead e um ajudante, que talvez você reconheça. O Sacerdote do Inferno quer que Harry seja testemunha de algo grandioso que está prestes a acontecer e começa então uma longa caçada. Que coisas? Isso eu também deixo para você descobrir.

Evangelho é um livro muito familiar até mesmo para quem leu apenas . O estilo de Barker é facilmente reconhecível, com proporções iguais de ação e descrição mescladas. Em nenhum momento o autor interrompe a linha de narrativa para explicar algo. A explicação ou descrição acontece durante a ação e eu gosto muito disso. Além disso, Barker constrói o inferno. Isso mesmo, durante um momento do livro você será apresentado ao inferno, que não é apenas um lugar com fogo dominado por um gigante vermelho com chifres. Barker construiu toda uma sociedade dentro do inferno bíblico, com até mesmo graus de hierarquia. Um problema que encontrei nesse livro foi uma sensação de repetição. Há uma espécie de ciclo de acontecimentos que se repete nele. Algumas vezes no decorrer da narrativa chegamos em uma situação de ter algum inimigo declarado de Pinhead, então ele aparece e há tortura, mutilação e escatologia em abundância. Isso gerou um sentimento de “ok, lá vamos nós de novo”. Com a repetição desse ciclo, a descrição perdeu o impacto que era muito bem causado no leitor em Hellraiser.

Evangelho de Sangue é um livro enorme em poucas páginas. Clive Barker poderia ter feito de Evangelho, ao invés de um livro, uns 5 ou 6. Ele tem um universo e material para tanto sem ter nenhum volume monótono (ouviram, autores de trilogias de distopia YA?). Clive Barker provou, através de Evangelho de Sangue, que ainda é um ótimo autor e capaz de entregar a mesma qualidade que entregava há mais de 30 anos. Eu costumava falar que Hellraiser era meu livro favorito da Darkside Books, mas agora Clive Barker tem seus dois títulos dividindo o topo, na minha opinião.


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