Madeleine’s World, Brian Hall


A child’s jouney from birth to age three.

Este livro me chegou totalmente por acidente: eu estava perambulando por um sebo e acabei nas prateleiras de psicologia infantil e comprei o livro porque a capa era muito bonita e a edição muito bem-feita, o preço também ajudou muito e eu queria praticar a leitura em inglês. Foi uma das boas surpresas ao fazer uma compra quase que “às cegas”; o texto é muito bem escrito e o autor apresenta uma visão única, de um lugar que normalmente não há narrativas, à saber, de um pai que se envolve verdadeiramente com a formação e com o desenvolvimento de sua filha. 

Madeleine é filha de Brian. Ela acabou de nascer e o pai, um escritor que possui conhecimentos em psicologia, decide fazer uma espécie de experimento pessoal através da observação. Somente através da observação, não há imposição de testes de qualquer natureza, o que há é uma narrativa de impressões de um pai que assiste as atividades diárias de sua filha. Ele possui o arcabouço teórico de um profissional na área e narra certos eventos explicando quais são as teorias comportamentais por trás deles. Em vários momentos o autor reconhece a imprecisão de algumas teorias e apresenta as dificuldades de se construir dados observando um ser que possui uma atenção tão diluída. 

O mais interessante na obra é como ela ganha um tom literário. Em vários momentos, parece que estamos acompanhando um diário e a escrita de Brian é genuinamente de um autor de novelas, no melhor estilo possível. Aqueles que tem interesse por formação e cognição infantil e por literatura em primeira pessoa se apaixonarão pela leveza com que os temas são apresentados e como um indivíduo na mais tenra idade já manifesta desejos e anseios. 

A obra de não-ficção retrata os três primeiros anos da filha do autor, de seus primeiros dias até seu aniversário de três anos. A grande fascinação, a motivação da escrita, é o complexo sistema de interações com o mundo que uma criança desenvolve: o que ela percebeu, com o que ela se preocupava, o que lhe chamava mais atenção e especialmente como ela começa a criar relações entre objetos e distinções visuais. 

A conclusão do autor é que ao chegar ao terceiro aniversário, Madeleine já estava vivendo em um rico e complexo mundo, repleto de jogos de linguagem, medos e sonhos que tinham pontos de contato com o mundo adulto, mas que girava ao redor de si mesma. As perguntas que a obra responde, ou ao menos dá pistas de respostas, são muito significativas na vivência infantil. Qual é a sensação de ter descoberto apenas recentemente que suas mãos são realmente suas? Qual o sentido de comemorar o primeiro ano de nascimento? 

Perguntas como essas tornam o texto sério e cômico ao mesmo tempo, afinal, sabemos que bebês começam a perceber partes do seu corpo como suas e passam a coordená-las. Essa fase é um interessante objeto de estudos, mas sabemos também que os mesmos bebês não possuem ideia de “primeiro”, de “idade” de “nascimento”, e isso nos mostra como aniversários, até uma certa idade, são uma comemoração para os pais e não para os aniversariantes.

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