Feios, Devin Grayson e Scott Westerfeld




Em meio a uma era e um país muito focados na perfeição estética, como seria se todos pudessem fazer uma cirurgia intensa e mudar todos os detalhes da sua aparência para se tornarem perfeitos? O livro não é brasileiro, mas acredito que a história se encaixe muito bem por aqui.

Tally Youngblood é uma garota de 15 anos que espera ansiosamente o dia de seu próximo aniversário, quando fará a cirurgia para se tornar uma Perfeita. Tally vive na Vila Feia, com outros adolescentes de 12 a 16 anos e deseja ir para Nova Perfeição o mais rápido possível, onde poderá reencontrar seu melhor amigo, que fez aniversário um pouco antes dela. Triste, se infiltra na cidade dos perfeitos para visita-lo e descobre que não é mais o mesmo, não só na aparência.

A partir de então, fica o questionamento: será que os perfeitos se tornaram apenas arrogantes que querem distância dos feios ou tem mais alguma coisa acontecendo? Bom... a série tem quatro volumes. Alguma coisa ESTÁ acontecendo. Enquanto hoje é possível realizar cirurgias estéticas relativamente simples como implantes de silicone e abdominoplastias, a cirurgia desse mundo alterará até os ossos e dentes da pessoa.

Feios é uma distopia futurística que acontece 200 anos no futuro. Nesse universo hipotético, a raça humana como conhecemos hoje acabou destruindo o planeta (o que é perfeitamente possível) com sua poluição, guerras e comportamento agressivo. Com a cirurgia e com a vida de excessos e irresponsabilidades em Nova Perfeição, não há conflitos. E não há livre arbítrio. Você não pode escolher não fazer a cirurgia. Ou quase isso.

Pouco antes de seu aniversário, Tally conhece Shay, uma feia que não quer se tornar uma perfeita. Assim, conta a Tally seu plano de fugir para uma colônia, que seria equivalente a uma aldeia indígena para nós, chamada Fumaça. Shay prossegue com seu desejo, mas sua nova amiga não aceita ir com ela e todos os problemas começam.

O que parece surreal é que a descrição dos perfeitos e de suas cirurgias subsequentes é um tanto assustadora e bizarra, mudanças que na nossa realidade seriam inconcebíveis. Enquanto lia, percebi que ser um perfeito era ser praticamente um robô, enquanto ser feio é basicamente ser uma pessoa normal.

A série é repleta de críticas à sociedade atual e ao caminho que estamos trilhando, mas com um tom adolescente e uma escrita simples. Tudo é muito enrolado; o livro precisaria de metade do tamanho que tem. Outro problema é que, para um livro recheado de boas críticas, muito da história se desenvolve a partir de romances, o que acaba sendo bem desnecessário e dá a impressão de que os protagonistas não conseguem pensar em nada a não ser paixonites.

Feios parece aquela ideia fantástica que você teve, mas quando tentou levar adiante pareceu um rabisco de criança. Uma ideia genial para um Young Adult e uma distopia, mas com uma execução que deixa muito a desejar, tanto no primeiro quanto no segundo livro da série.

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