No Sufoco, Chuck Palahniuk


Escatológico. É assim que podemos definir um dos escritores mais aclamados da atualidade. Novamente com o seu humor ácido, diversas críticas à sociedade contemporânea e provocações aos aspectos de vida do cidadão médio, Chuck embarca – como de costume – no absurdo para contar uma história que, com certeza, ofenderá muita gente. Logo no primeiro capítulo, já somos introduzidos aos acontecimentos arrebatadores e compulsivos da vida de um viciado em sexo, Victor Mancini.

Frequentador de um grupo para sexólotras, Victor tem um estilo de vida fora do comum e cheio de extremos. Como um tipo de “passatempo”, ele vai a restaurantes para se sufocar com a comida, chegando quase à morte. Por qual motivo ele faria isso? Ao ser salvo por alguém, essa pessoa acaba se sentindo obrigada a cuidar de Mancini, como se fosse responsável por sua vida, já que a salvou. E nosso protagonista segue dessa maneira, beirando a morte para conseguir agrados de desconhecidos.


No Sufoco é o segundo romance publicado de Chuck Palahniuk, logo após do seu aclamado Clube da Luta. A diferença entre esses dois livros é visível. A agressividade narrativa e sarcasmo mostram-se muito mais elevados e provocativos do que em seu antecessor. Tudo é abordado com brutalidade cômica, então não se sinta surpreso ao rir de algo, mas, ao mesmo tempo, se sentir mal por achar tal situação engraçada. Chuck não mede esforços quando quer explorar a realidade de forma caricata, reforçando a hipocrisia por meio de seu nonsense.

“A magia do sexo está em você adquirir algo sem o peso da posse”

Como sempre, o autor também pega na questão religiosa, esboçando uma sequência de acontecimentos que acabam entrando em foco na segunda metade do livro. Além de Victor, temos vários outros personagens interessantes – e tão perturbados quanto – no decorrer da história. Um deles é a mãe de Victor, uma idosa que vive numa clínica médica por conta de seu Alzheimer. Contudo, o ponto alto da história é o que acontece dentro do grupo para viciados em sexo, pois é de lá que se desencadeiam os momentos mais divertidos – e bizarros – do livro, como quando Victor e uma sexólatra da clínica tentam “simular” um estupro, um dos capítulos mais engraçados.

Quando se trata de Chuck Palahniuk, mesmo que não seja sua melhor obra, ainda assim vale a pena a leitura, pois sempre há algo para ser aproveitado dessa cabeça doentia do autor. O mais legal de seus livros são sempre os acontecimentos fora da realidade lidados com a maior naturalidade do mundo, encaixando sua visão pessimista e sarcástica sobre tudo. Um livro curto, mas que irá te deixar angustiado por muito tempo.

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