Adeus Lênin, Wolfgang Becker





Adeus Lênin é uma obra com a visão particular de uma família em um momento histórico extremamente importante para o mundo e, principalmente, para a Alemanha. Você sequer precisa ter comparecido a muitas aulas de história para saber sobre a existência do Muro de Berlim e o fato de ele ter representado a separação de um país.

Alexander Kerner é um adolescente comum que cresceu fascinado pelo espaço. Criado na Alemanha Oriental, onde vive tranquilamente com a sua família – mãe e irmã –, até o dia em que participa de um protesto contra o governo. Claro, conhece uma garota, com quem mal consegue trocar nomes, mas essa não é a parte importante. Sua mãe, Christiane Kerner, professora devota ao sistema socialista, está passando pelo local em um táxi e o vê na multidão. Com o choque de ver o filho protestando contra a única verdade de sua vida desde que o marido se foi, cai, e, enquanto a polícia leva Alex, tem um ataque cardíaco que a deixa em coma.

Christiane fica em coma durante oito meses, nos quais recebe visitas frequentes de Alex e o cuidado de uma enfermeira, Lara. A garota do protesto. Enquanto isso, o governo socialista é derrotado e acontece a Queda do Muro de Berlim. Apesar da descrença dos médicos, Christiane acorda, e seus filhos, Alex e Ariane, recebem a advertência de evitar emoções fortes para a mãe, que já tinha um histórico de “perder a cabeça” em grandes impactos.

Como contar para a mãe que o país e o governo que ela tanto amava foi derrotado? Não contando, claro. Assim começa a jornada de Alex, claramente sem bom senso, para esconder esse fato de sua mãe. Não seria tão difícil, já que ela não consegue mais andar e ele precisaria apenas mantê-la em seu quarto antigo, longe da janela. Ou quase isso.

A partir disso, Alex entra em diversos conflitos com Ariane – e seu namorado “secreto” – e Lara para tentar poupar Christiane, no que parece uma tentativa desesperada e carente de manter sua mãe por perto. Alex parece apenas uma criança assustada que precisa proteger alguém que ama, sem se importar com nada além disso. Ariane, por sua vez, é a filha que se torna rebelde, tem um filho e arruma um namorado que não passa a impressão de ser uma boa figura paterna. Christiane é a devota política, cega, que acha que seu partido sempre foi perfeito, sendo que o único impedimento para um mundo perfeito são as pessoas egoístas e más. Lara... bom, Lara é só a namorada e enfermeira que fica por lá às vezes.

Nunca fui a melhor aluna em história, mas sei que vários personagens e fatos históricos inseridos no contexto do filme são reais e verossímeis, até um astronauta que passa de herói a motorista de táxi, sendo um dos muitos elementos de simbolismo do filme. A trilha sonora de Yann Tiersen é simplesmente impecável e maravilhosa, e foi o motivo de eu sequer conhecer o filme. A fotografia do filme é excepcional e não deixa a desejar em momento algum, em especial nas cenas rápidas ou de mudança rápida, como quando Alex procura comidas que eram fornecidas pelo antigo governo e é obrigado a trocar os potes para manter a farsa. Onde fica a linha entre preocupação e paranoia? Em que ponto o delírio de Alex deveria ter parado?

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