Também o Cisne Morre, Aldous Huxley




Aldous Huxley, autor do famosíssimo Admirável Mundo Novo, não é um autor de uma única obra. Já o descrevi anteriormente, mas ressaltarei que o admiro por inúmeros motivos além de sua escrita, sendo ele um de meus autores favoritos. Assim, sempre busquei informações sobre ele e principalmente sobre suas obras. Este livro foi, em parte, uma exceção.

Encontrei uma edição dele em inglês, muito antiga, quase em pedaços (o livro se desfez enquanto eu o lia, a ponto de eu precisar prender com fita adesiva, sério) no bazar de um centro médico da minha universidade. Perguntei-me se seria capaz de ler algo do autor em outra língua, mas levei mesmo assim. Sofri um pouco, foi demorado, mas bem possível. Gostei tanto que pretendo adquirir a edição que consta aí em cima, em português, em breve, e reler.
“Conosco, tudo é simplesmente amor, quer seja auto-sacrifício ou possessivo, seja amizade ou luxúria ou delírio homicida. É tudo simplesmente amor.”*
Não o conhecia e imagino que poucos de vocês o conheçam também, mas o pouco que encontrei sobre ele por aí se refere ao enredo, pura e simplesmente, além de muitos terem considerado o livro maçante e um desperdício de uma boa ideia. Não posso concordar.

“Também o Cisne Morre” ou “After Many, a Summer Dies the Swan” trata sobre um homem milionário, Jo Stoyte, e seu medo da morte. A história começa com a chegada de Jeremy Pordage à Califórnia, o que por si só já é relacionável à vida do autor, já que o livro foi escrito pouco tempo depois de Huxley ter se mudado para Hollywood. Essas referências se repetem muito ao longo do livro, que parece ser um relato bem pessoal de sua experiência nos Estados Unidos.

“Se o homem continuar a ser como é hoje e foi no passado, é óbvio que o mundo onde vive não pode se tornar melhor. Se você imagina que pode, você é descontroladamente otimista em relação à natureza humana.”*

Alguns pontos da história são o narcisismo, a obsessão com a juventude, a superficialidade, luta de classes, ganância e uma crítica ao famoso American Way of Life. Críticas, claro, como de praxe. O título do romance foi retirado de um poema chamado Tithonus, que fala sobre a mitologia grega, um personagem a quem foi dada a vida eterna, porém não a juventude eterna.

Cada personagem representa uma maneira de olhar a vida e suas consequências. Jo Stoyte, um sexagenário plenamente consciente de que sua vida acabará, porém com muito medo dessa realidade; Dr Obispo e seu assistente, Peter, são contratados para pesquisar a vida de alguns animais e depositam muita fé na ciência e na medicina; Jeremy Pordage, o personagem mais entediante do mundo, é trazido para arquivar uma coleção de livros raros; Virginia, que é a jovem amante de Stoyte, traz a visão egoísta e narcisista da vida; e Mr. Propter, um professor que fala sobre o individualismo e a força de vontade.

A vida desses seis personagens se complica como um fio muito embaraçado conforme a trama anda. Honestamente, a trama não é o que mais me interessou do livro, mas sim os diálogos profundos e pseudo-filosóficos. Alguns, tive que ler muitas e muitas vezes. O final é absurdo, mas muito bom e até um pouco perturbador.

“O Tolo Comum é meramente estúpido e ignorante. Para ser um Grande Tolo, um homem deve ter muito aprendizado e grandes habilidades.”*

Não é possível descrever a intensidade do livro, porque creio que esta seja uma daquelas obras que despertam sensações muito diferentes em pessoas diferentes. Espero que algum dos diálogos desse intenso livro te toque de alguma forma. Este foi o primeiro livro que eu risquei e sublinhei, de tanto que não queria perder essas frases.

*Aqui você encontra a minha (pobre) tradução das frases em inglês. Peço desculpas por qualquer incoerência.

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