O Hipnotista, Lars Kepler




Um crime horrível com um único sobrevivente. Assim começa a trama de O Hipnotista. O livro foi escrito por um casal sueco (Lars Kepler é apenas um pseudônimo) e, como poderíamos imaginar, se passa na Suécia. Os nomes podem te confundir um pouco, mas gosto bastante desse livro.

Uma chacina envolvendo uma família deixa como sobrevivente o filho de apenas 15 anos de idade, que poderia ser a resposta para o crime. Poderia, se o garoto não estivesse gravemente ferido e internado no hospital. Joona Lima, um detetive com o estilo do House, é chamado pra cuidar do caso. Acredito que essa semelhança seja uma das fontes de simpatia e, ao mesmo tempo, de antipatia do personagem.

O garoto, Josef Ek, não está muito inclinado a ajuda-lo. Joona pede ajuda de seu amigo, Erik Maria Bark, antigo psiquiatra hipnotista, para tentar resolver o mistério. Erik era especialista em tratar pacientes traumatizados, porém havia abandonado essa prática há mais de dez anos. Apesar disso, depois de certa insistência, concorda em ajudar, acreditando que isso evitaria outras mortes. O que ele não imaginava é que acabaria se envolvendo muito mais do que gostaria. Josef Ek escapa do hospital, e o filho de Joona, Benjamin, é sequestrado. Pra completar, uma antiga paciente, Eva Blau, reaparece e também participa da trama. Evelyn também é uma personagem para ser observada, mas não contarei o porquê.

“‘O passado não está morto, não é sequer passado’, eu dizia com frequência, citando William Faulkner. Queria dizer que todas as pequenas coisas que acontecem às pessoas permanecem com elas por toda a vida. As experiências influenciam cada uma de nossas escolhas. No caso de experiências traumáticas, o passado ocupa quase todo o espaço disponível no presente.”
O livro é cheio de idas e vindas, com mudanças de foco entre Josef e Benjamin, o que desagrada alguns. Todos os capítulos são datados, mas nem sempre seguem a ordem cronológica, é preciso tomar cuidado para não se perder. Achei o livro um pouco cansativo em certos pontos, mas atribuo isso mais à minha falta de longos períodos de tempo para uma leitura fluida do que a falhas dos autores. Talvez o livro seja um pouquinho maior que o necessário.

Também temos a questão de serem duas histórias interligadas, como em alguns livros policiais. Na verdade, as histórias parecem mais interligadas do que realmente são. Como o próprio nome diz, Erik deveria ser o protagonista. De fato, ele é um dos personagens mais importantes para a narrativa, com muitas reflexões, flashbacks e decisões importantes, mas vejo Josef e Benjamin como os protagonistas do livro. Joona Lima, apesar de importante, não é a peça principal do caso; ele aparece em outros livros do casal, como O Pesadelo, que me agradou mais ainda e já discutido por aqui.

Em geral, sempre gostei de livros policiais e suspenses nórdicos. Talvez porque eu gosto de crimes bem complexos e desafiadores – um pouco sanguinários, admito –, e odeio quando consigo adivinhar o final de um livro. Acreditem, esse é um daqueles livros que nos fazem desenvolver dúzias de teorias só para, no final, nos contradizer em absolutamente todas. Como de costume também, temos um lado psicológico forte. O que essa família tinha de especial, afinal?

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