Sick-o, Michael Moore




Sick-o, ou SOS Saúde, é, em suma, um documentário sobre o sistema de saúde norte-americano. O filme começa com um vídeo de George Bush discursando sobre a falta de empregos para os médicos do país, e logo em seguida, um homem, Adam, falando sobre estar endividado e resolver os problemas em casa. Adam está costurando seu próprio joelho. Assim, nesse clima de contradição política x realidade, segue todo o filme.



O documentário foi feito por Michael Moore, aquele mesmo de Cartas da Zona de Guerra. Michael Moore é conhecido por suas obras polêmicas em diversas áreas. Esse, em especial, me interessa bastante por vários motivos. Em primeiro lugar, por ser sobre saúde, que será a minha área de trabalho em breve. Em segundo, por mostrar um lado ruim dos Estados Unidos, que é um país sempre muito idolatrado por aqui. Terceiro, por ser relacionado com a política. Quarto, por ter mostrado que mudanças são sim possíveis – o filme é de 2007 e desde então muita coisa mudou, muita polêmica surgiu. Quinto, por ser comparável com uma das melhores coisas no governo brasileiro (não necessariamente o atual, isso não será um debate político), o SUS. A lista pode continuar.

Ao longo do filme, temos alguns dados um tanto alarmantes. São 50 milhões de norte-americanos sem plano de saúde. O que isso significa? Bom, se você se cortou, como o Adam, você terá que pagar para que alguém o costure em um hospital. Para quem ganha bem, um machucado como este não é exatamente um problema. Para Rick, que serrou a ponta de dois dos seus dedos, o problema já se torna bem maior. Custaria 60 mil dólares costurar seu dedo médio, e 12 mil dólares para costurar seu dedo anelar. Como ele não poderia pagar, o resultado foi perder para sempre a ponta do seu dedo médio.

A saúde nos Estados Unidos era, e ainda é, uma indústria. Os hospitais são obrigados, por lei, a oferecer todo o necessário para salvar uma vida, com ou sem plano de saúde. O problema é que depois disso você acumula as suas dívidas, ao ponto de perder absolutamente tudo por um problema de saúde que simplesmente aconteceu. E não adianta nada ter um plano de saúde, na verdade. Os planos se negam a fornecer tratamentos e cirurgias, ou mesmo se recusam a pagar viagens de ambulância pra alguém com traumatismo craniano, alegando que a viagem não foi pré-aprovada. Isso faz algum sentido? Não, não faz. Mas os planos de saúde argumentam com isso mesmo assim.

“Como é que chegamos ao ponto em que os médicos e os planos de saúde são os verdadeiros responsáveis pela morte dos pacientes?”

Isso não acontece no Brasil. Em alguns casos, sim, as pessoas tem que brigar por um medicamento caro. O sistema de saúde do Brasil está muito, muito longe de ser perfeito, jamais direi o contrário, mas assistir algo assim, de um país considerado desenvolvido, e que é o sonho para alguns, realmente nos dá outra perspectiva da situação.

O longa, porém, não nos uma comparação apenas com os Estados Unidos. Michael Moore leva alguns desses indivíduos para realizarem o tratamento em Cuba. Cuba, aquela que os Estados Unidos tanto odeiam e demonizam, para quem não sabe, possui um dos sistemas de saúde mais eficientes do mundo, além de pesquisas extremamente famosas e invejáveis. De novo, não estou querendo discutir política, é só um ponto bom daquele país. Citei Cuba separadamente por ser considerado o oposto aos Estados Unidos, mas o documentário também passa pela França e pelo Reino Unido, por exemplo. Na verdade, na Inglaterra, os hospitais públicos até reembolsavam o transporte dos cidadãos mais necessitavam, ou seja, ao invés de deixar dinheiro no hospital, as pessoas saíam com dinheiro do hospital. Irônico, não?

A obra de Michael Moore é polêmica e chocante. É focada em destruir certos preconceitos que contaminaram os Estados Unidos durante muitos anos. Não são, sempre, os mesmos problemas que temos por aqui, mas assistir esta obra com certeza vai mudar sua maneira de enxergar o sistema de saúde ao redor do mundo. Descrevê-la em poucas palavras é uma tarefa impossível. O ideal é assistir, com atenção máxima a cada segundo.

Um pequeno bônus: Michael Moore é bem ousado, atrevido e engraçado. Gosta de House? Conheça Michael Moore.

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