Caminhos da Floresta, Rob Marshall



A Brodway fornece um material de primeira para este filme que apresenta uma versão mais contemporânea de alguns clássicos dos irmãos Grimm. Caminhos da Floresta é mais uma tentativa de recuperar histórias antigas, já cristalizadas, dando a elas uma roupagem nova e, se possível mais sedutora. Rob Marshall, que adaptou Chicago e Nine, é o responsável por essa adaptação que tem seus erros e acertos. 

Um dos maiores acertos no filme é o elenco: Cinderela (Anna Kendrick), Chapeuzinho Vermelho (Lilla Crawford), Jack de João e o Pé de Feijão (Daniel Huttlestone) e Rapunzel (Mackenzie Mauzy). Eles compõem os já conhecidos personagens de contos de fadas que, nessa releitura do musical, se unem ao padeiro (James Corden) e sua esposa (Emily Blunt), para conseguir as peças necessárias para um feitiço da Bruxa (Meryl Streep), que devolveria a fertilidade ao casal. Pelos personagens nota-se que uma grande mescla de contos de fadas sustenta a história, em essência bem simples: o casal precisa atender as vontades da bruxa que está organizando um feitiço para voltar a forma jovem. Isso alcançado a bruxa livrará os dois da maldição que os impede de ter um bebê. A busca pelos “ingredientes” que a bruxa exige possibilita encontros na floresta encantada criando camadas e inter-relações entre as histórias clássicas de cada personagem.

Parece, até ai, uma ideia muito interessante. O problema são os efeitos que ela causa. Caminhos da Floresta exagera no formato teatral com uns momentos de lentidão completamente desnecessários (e eu normalmente gosto de momentos mais lentos em filmes, principalmente em musicais) e a história parece meio remendada. O filme depende muito do apelo visual, a maioria das críticas positivas foram sobre sua fotografia e efeitos de câmera, acho que pecaram pelo excesso neste quesito. Meryl Streep tem um desenvolvimento visual muito bem feito, talvez a única personagem para quem o excesso foi benéfico, porém, o final de sua trajetória na película é simplesmente decepcionante. 

Johnny Depp aparece numa cena que só serve para conectar personagens. Sua aparição como lobo mal é fraca e tudo que salva sua curta jornada é a interpretação de sua parte da canção. Essa cena do Lobo (dividida em duas partes) é um dos problemas com o desenrolar da história que vai se tornando cada vez mais pesada. Falta fluidez da narrativa e no momento em que as coisas poderiam ter sido ajeitadas aparece uma gigante que continua a história de todos os clássicos. Isso proporciona uma originalidade ao filme que me pareceu bem posta mas ao mesmo tempo deixa a linha temporal meio desamarrada. 

Meryl Streep rouba a cena como em muitos dos filmes que participa. Sua personagem é uma das mais interessantes somente perdendo para Cinderela que foge do estereótipo e dispensa o príncipe encantado depois do casamento. A bruxa por sua vez aparece inicialmente totalmente dentro dos padrões existentes em torno da bruxa malvada, mas outras faces aparecem, ela tem um lado maternal (ainda que deturpado) e um senso de necessidade prática (ainda que utilitarista não refinado) em suma, ela não é pura maldade. Os príncipes encantados são um total desencanto; são afetados, mal construídos e muitíssimos reciclados de filmes banais com histórias clichê. 

Existem alguns problemas de cronologia e a reviravolta proposta é um tanto forçada. A impressão que tive foi que o filme acerta muito como musical, erra muito enquanto história linear e fica devendo em vários aspectos e os principais exemplos são: a cena do lobo dormindo com efeitos especiais que parecem terem sido feitos por um diretor de filmes trash e a cena da gigante sendo morta por uma pedrinha. Se me perguntassem se o filme merece ser visto eu responderia com um relutante sim, várias ideias não desenvolvidas mas apresentadas embrionariamente valem o tempo gasto e a atuação de grande parte do elenco compensa a falta de amarração cronológica.

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