O Grande Gatsby, F. Scott Fitzgerald


Este é um clássico da literatura de língua inglesa, sendo leitura obrigatória das escolas dos Estados Unidos. É fácil entender o motivo. É uma história de amor perturbada, como a maior parte das histórias de amor que fazem sucesso, cheia de críticas e comparações entre o leste e o oeste do país, após a Primeira Guerra Mundial. Porém, o livro é escrito de forma incomum, narrado pelo vizinho, espectador e primo de Daisy, Nick Carraway. Os personagens são bem construídos, com personalidades distintas e bem marcadas. E sinceramente? Nojentos.

É difícil falar de O Grande Gatsby sem dar detalhes sobre o enredo, mas tentarei ao máximo evitar spoilers.
“Despertei do efeito do éter com uma sensação de profundo abandono e perguntei imediatamente à enfermeira se era menino ou menina. Ela me disse que era uma menina, então virei o rosto e chorei. ‘Muito bem’, falei. ‘Fico feliz que seja uma menina. E espero que seja uma tola... é a melhor coisa que uma mulher pode ser neste mundo, uma tolinha bonita.”

O livro conta a história de Jay Gatsby e Daisy Buchanan, que se conheceram em Louisville, antes da guerra. Daisy era bem popular entre os militares e Gatsby a conquistou, fingindo ser de uma família rica. Daisy acreditou e se envolveu com ele, antes de Gatsby ir para a guerra. Então, em 1919, Daisy se casou com Tom Buchanan, que era de fato rico, e a quem os pais de Daisy aprovavam. Depois disso, Gatsby passa a ter como único objetivo de vida enriquecer e reconquistar Daisy.

Jay Gatsby é um homem obcecado e doente, que sempre desprezou a pobreza e almejou enriquecer, acima de todas as coisas, mesmo antes de ter Daisy como um incentivo. Se apaixonou por Daisy pela sua graça, charme e pelo ar de luxúria que ela tinha. Estudou em Oxford, enquanto Daisy se casou, e então procurou o dinheiro, de qualquer maneira que pudesse. Enfim, após tornar-se um milionário, comprou uma mansão impressionante em West Egg, onde fazia festas semanais estrondosas, cercado de homens poderosos e suas lindas mulheres, na esperança de que Daisy aparecesse. A fonte de sua riqueza, porém, só é revelada ao leitor um pouco adiante. Considerando que a narração é feita por Nick, sabemos apenas da reputação de Gatsby, a princípio. Jay Gatsby não é sequer seu nome verdadeiro.
“Nenhuma quantidade de fogo ou de frescor podia competir com aquilo que um homem é capaz de armazenar no seu coração fantasioso.”

A imagem que Gatsby tem de Daisy não é necessariamente a verdadeira, mas sim a personificação do “amor cego”, aquele que coloca o objeto de afeto em um pedestal de perfeição e faz de tudo para atingi-lo, além de se recusar a enxergar defeitos, sejam eles grandes ou pequenos. Ela tem o charme, a riqueza, a sofisticação, a graça e a aristocracia que ele sempre quis, mas na verdade, ela é linda e charmosa, mas entediante, superficial e vazia. Daisy parece ser desprovida de emoções, até mesmo pela filha, como na primeira citação. As ações e escolhas dela ao longo do livro mostram o quanto ela se importa somente com ela mesma, especialmente no final.

Nick é um sujeito quieto e observador. Ele é um ótimo narrador pra história por ter um temperamento tranquilo e tolerante, o que dá a ele um caráter neutro, apesar de ser primo de Daisy. Isso é exatamente o contrário do que acontece em livros como Dom Casmurro, por exemplo, onde o narrador é tendencioso e questionável. Gatsby confia nele e passa a considera-lo como um bom amigo. Nick não gosta muito do estilo de vida do local, tem valores mais tradicionais, mesmo para a época, já que o livro se passa em 1922.

Outros personagens, como Tom e Myrtle, são extremamente importantes para o enredo, mas falar deles é revelar demais. Trata-se uma obra com inúmeros pontos de vista e interpretações, mas a psicologia envolvida na trama é impressionante. Até mesmo o conceito de amor e companheirismo que é desenvolvido pelos personagens é algo para prestar atenção; os diálogos são bem interessantes.

É de se surpreender que o livro tenha aparentemente falhado quando foi lançado, e que seu autor não tenha vivido para vê-lo fazendo sucesso. Hoje, é muito simples encontrar análises do tamanho de uma tese de mestrado (E até teses de mestrado) sobre este livro. A importância dele na história americana não pode ser descrita em uma mera resenha. Outro detalhe interessante é que cada um dos personagens representa uma das partes da personalidade de Fitzgerald, e Daisy representa uma porção da personalidade de sua mulher, Zelda. Não foi muito gentil, Sr. Fitzgerald.

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