Doutor Sono, Stephen King


Doutor Sono é obra a mais recente do Stephen King publicada pela Suma de Letras e, para mim, o livro mais esperado do ano. Com isso, percebe-se que minhas expectativas estavam mais do que altas para a continuação de O Iluminado, um dos trabalhos mais famosos do autor, lançado em 1977. Danny Torrance foi um dos personagens que eu mais me apeguei, dentre todos os outros que conheci nos livros do King. Assim, foi extremamente interessante revê-lo em Doutor Sono, e mesmo a primeira parte da obra focando mais no drama dos personagens, me senti preso à história desde o início.

Uma coisa interessante do livro é o fato da primeira parte se passar em diferentes períodos de tempo, de modo que a história começa com Danny ainda pequeno, sendo atormentado pelos horrores do Overlook, até o presente, que seria 2013. No meio dessa viagem no tempo, começamos a acompanhar a trajetória de outros personagens também; Abra Stone, uma garotinha com dons extremamente poderosos e o Verdadeiro Nó, um grupo de imortais que vagam pelo país se alimentando do vapor extraído de crianças iluminadas após serem torturadas até a morte. Como eu disse anteriormente, a primeira parte foca na trajetória desses personagens ao decorrer do tempo, até 2013, quando seus caminhos irão se cruzar.

Doutor Sono é o tipo de livro que, mesmo sem acrescentar muitas cenas de clímax ou terror, deixa o leitor tenso. Passamos boa parte do início nos apegando aos personagens (até mesmo a membros do Verdadeiro Nó), e quando estes se encontram em situações de perigo, sofremos junto com eles. Assim como Novembro de 63 (outro livro recente do autor), King se empenhou ao máximo para nos importarmos com o personagem, antes de nos levar ao clímax de sua história. Isso pode atrapalhar bastante o desenvolvimento do enredo, não deu certo em algumas de suas obras, mas em Doutor Sono funcionou satisfatoriamente bem.

O principal objetivo de Stephen King ao escrever esse livro era mostrar como os demônios do passado afetariam o futuro de Danny e, é claro, revelar o que aconteceu com nosso querido personagem. No entanto, acabou indo muito além disso, proporcionando ao leitor uma leitura fluente e envolvente do início ao fim, com um desfecho que irá deixar qualquer um admirado. Devo dizer também que já considero Abra uma das melhores personagens criadas pelo autor.

Minha opinião geral sobre o livro é: espetacular. A esperada continuação de O Iluminado cumpriu além do que deveria, e acho que deixará muitos fãs do clássico satisfeitos. Não leia esperando uma história que te dê arrepios ou momentos de clímax a cada página e sim uma história que irá te emocionar. Evito até mesmo comparar as duas obras, pois considero-as totalmente diferentes, apenas com personagens em comum.

Nota adicional: Ao decorrer do livro, reparam-se diversas referências a outros livros e séries. As que eu peguei foram de Nosferatu (obra de seu filho Joe Hill), da série de TV Sons of Anarchy, Game of Thrones, Harry Potter, Salem (do próprio autor) e uma passagem de A Torre Negra, confira abaixo:

“— Você quer ouvir um caso? Um que nunca contei a ninguém? Vou logo avisando que é estranho. Se você acha que a iluminação é só algo corriqueiro como telepatia, está muito longe da verdade. — Fez uma pausa. — Existem outros mundos além deste.” (Pág. 272)

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