Uma Página de Cada Vez, Adam J. Kurtz



Este livro foi uma cortesia da editora Companhia das Letras

Admito que quando saiu o livro “Destrua Este Diário” não me senti muito atraída, na verdade senti uma espécie de agonia, aquela agonia de que esses livros são feitos justamente pra combater. Não me imaginava nem grifando uma frase em um livro, quanto mais fazendo todas essas coisas malucas. Aquela mania de querer manter um livro impecável que muitos leitores têm. Naquela época, fiquei curiosa, mas comentei e prometi pra mim mesma que só tentaria algo assim se ganhasse o livro.

No final, acabei ganhando um livro que parecia bem menos traumático. Enquanto “Destrua Este Diário” tem como objetivo destruir (mesmo), Uma Página de Cada vez é um livro para construir ao longo de um ano. Estou com o livro há um mês e meio e devo admitir que me diverti muito com ele. São tarefas diárias; algumas bem simples, como desenhar dois quadrados, outras mais complexas, como parar em cima de uma passarela e contar os carros que passam embaixo. Algumas são mais reflexivas e podem acabar sendo bem profundas. De alguma maneira, o livro te dá um motivo pra sorrir por dia. Em algum ponto, o livro mostra que é carente e ciumento (qualquer semelhança é mera coincidência) e acha que vai ser trocado porque os outros livros tem números de páginas e ele não. Bom, eu fiquei com dó e dei números de páginas para ele.

Então decidi que, já que o livro estava me proporcionando essa diversão, eu passaria isso adiante e envolveria outras pessoas nisso. Vários amigos meus participaram em várias páginas, sendo que um deles até me fez chorar de alegria com a mensagem, o que não é muito comum. Meus amigos me mostraram que eu não estou sozinha conforme os dias passam.

Uma das páginas (na verdade, ela está mais pro final, mas eu folheei o livro todo assim que recebi... peço desculpas pela trapaça) é uma checklist de um primeiro encontro. Alguns dos itens (como “fingir timidez”), no meu caso, indicam que essa pessoa na verdade não me conhece. No mesmo espírito, resolvi me aventurar. O que aconteceu? Bem... O anonimato pode ser uma coisa maravilhosa.


Fui até uma página da Unicamp (minha universidade, pra quem não sabe) e resolvi procurar desconhecidos tão malucos quanto eu. Eu já conhecia alguns dos interessados, então não mandei nada. Também tinha algumas meninas e pessoas apenas curiosas. No final, mandei mensagem pra 24 moços, sendo que dois deles estão em Portugal. Até o momento, conheci quinze deles. Notei que pessoas de todos os estilos e preferências apareceram. Alguns mais parecidos comigo, outros menos, mas todos eles com suas peculiaridades intrínsecas do ser humano. Era pra ser apenas um encontro pra conhecer um desconhecido, mas acabou sendo uma visão impressionante de quantas pessoas diferentes existem no mundo e em um lugar que eu frequento todo santo dia. Moços, se vocês estiverem lendo isso - e eu vou obrigá-los a isso -, queria agradecer MUITO por terem participado dessa maluquice. E por não terem me sequestrado. Valeu mesmo.

Uma das coisas que esse livro acaba ensinando é a beleza de coisas extremamente simples, coisas que você faz todo dia e coisas que você não faz nunca – e nem deveria, algumas são bem estranhas. Acho que Uma Página de Cada vez não deixa de ser um livro de histórias, ele só é um livro com a SUA história. Honestamente, eu adorei. Acabei disseminando isso pra muitas das pessoas que eu conheço, porque tem sido uma experiência fantástica (em especial a dos encontros) que eu vou levar pro resto da vida.

É um livro ótimo pra trabalhar com a criatividade, com a sua capacidade de fluir ideias e pensamentos malucos – e quem me conhece há de convir que eu sou BEM maluca. É um livro pra envolver amigos, pessoas aleatórias (em algum ponto, terei que dar 5 reais pra um estranho), família, vizinho, cachorro, namorado, etc. É um livro pra fazer você se conhecer e colocar a sua vida em movimento, pra desconstruir toda a ideia que você tinha de livros e, então, construir novamente. Literalmente, construir o seu livro, uma página de cada vez.

Apesar de eu ser uma artista de merda não tão boa assim, aqui vai um pouquinho da minha história pra vocês:



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