(500) Dias Com Ela, de Marc Webb



"Esta é uma história 'garoto conhece garota', mas você precisa saber logo de cara que esta não é uma história de amor."

Descobri o filme por uma coincidência enquanto assistia um dos muitos canais Tele Cine. A propaganda passou, dizendo que passaria o filme certo dia e eu fiquei empolgado pois ele me parecia ser exatamente o tipo de filme que eu gosto. Acabei esquecendo do horário no tal dia marcado e só consegui pegar os últimos 30 minutos do filme. Normalmente, eu nem me daria o luxo de assistir esses 30 minutos; odeio assistir filmes que eu já tenha perdido até mesmo os créditos de abertura, os 5 primeiros minutos. Mas ali estava eu, sentado no sofá, apoiando minhas pernas no outro sofá e assistindo. Eu não troquei de canal. O filme chamou totalmente minha atenção e vi algumas das cenas mais geniais nesses 30 minutos finais. Quando acabou, eu tive uma certeza: eu tinha que assistir o filme por completo, o que eu fiz dias mais tarde. Isso foi em 2011 e hoje eu posso dizer com muita certeza que (500) Dias com Ela (do inglês - muito mais legal - "(500) Days of Summer") é meu filme favorito. Mas o que ele tem de tão especial?

Ele é totalmente diferente das comédias românticas que vemos por aí. Não temos uma história contada de forma linear; a história não-romântica de Tom Hansey, o protagonista, e Summer Finn é contada, com pulos para frente e para trás, num espaço de 500 dias, começando pelo dia 488 e depois voltando ao dia 1, indo pro 290, voltando, seguindo linearmente por mais alguns dias, depois pulando pra frente e depois pra trás e assim vai. Isso dá um suporte incrível aos antagonismos presentes na história.


Tom Hansey é um cara que acredita no amor, no destino e em almas gêmeas. Ele se formou para ser um arquiteto, mas a vida o mandou trabalhar (necessidades) numa empresa que cria cartões. É, cartões, como aqueles que você compra na papelaria e dá pra sua mãe porque não sabe o que dizer. Lá, ele encontra com Summer, garota que não acredita em nada do que Tom acredita, que não quer compromissos sérios, que acabou de se mudar para Los Angeles e está trabalhando como assistente do chefe de ambos. Tom, ao vê-la, acha que não é apenas amor à primeira vista: eles são almas gêmeas. Então começa aquela mesma história de ir atrás, conversar com a garota, ser notado e descobrir qual é a dela. Tom acaba chegando até mesmo na friendzone, mas por pouco tempo (um fim de semana, gente. Esse cara é um guerreiro). Ele e Summer começam a sair. Ele quer amor, quer almas gêmeas se casando e ela já diz, quase de cara, que não quer nada sério. Tom releva e todos sabemos o que surge depois disso.

A história já começa com cenas de "desastre". Tom segurando a mão de Summer (que obviamente está noiva por causa do anel na mão), Tom conhecendo Summer, Tom quebrando pratos porque ela terminou com ele, Tom ficando abobado porque ela gosta da mesma banda que ele (The Smiths!), Tom se dando bem, Tom se dando mal, e assim vai se armando o antagonismo das cenas até a reta final que segue de forma linear até o dia 500. Gostaria de dizer mais sobre a história, até, mas eu com certeza estragaria o melhor.

Fora todo o desenvolvimento, o filme possui uma fotografia que trabalha com a dimensão da tela e das cores de forma majestosa. Há cenas em que a tela está 3:4, proporção de tela quadrada (como das televisões antigas) e com margens que lembram filmes antigos. Há cenas que a tela se divide em duas, mostrando em um canto as Expectativas e no outro a Realidade (melhor cena do filme exatamente por isso). E a cor é bem utilizada: todas as cenas com Summer tem um foco em azul, de forma que realça seus olhos, e as cenas com Tom são fechadas no bege, marrom, creme e preto, completando ainda mais a personalidade de ambos com as cores.


A trilha sonora é, por falta de palavras melhores, fantástica. Uma das minhas trilhas favoritas, e, com certeza, uma das melhores, talvez só empatando com o trabalho da banda canadense Arcade Fire em Her e com a Awesome Mix Vol. 1, trilha sonora de Guardiões da Galáxia. A trilha de (500) Dias com Ela se concentra por completo no indie, não importando de quando era o indie. Bandas como The Temper Trap, Mumm-Ra e Wolfmother participam da lista com outros nomes como Regina Spektor e The Smiths e formam uma lista com altos e baixos que se encaixam muitíssimo bem durante as cenas que aparecem, se tornando um aspecto importantíssimo no filme e nivelando as emoções do espectador juntamente com os acontecimentos da história.

Além de tudo isso, (500) Dias faz referência a outros filmes famosos. A Primeira Noite de Um Homem é uma peça fundamental para o emocional de Tom, e, mais tarde, são feitas referências a dois filmes famosos de Ingmar Bergman: O Sétimo Selo e Persona. Difícil não gostar de um filme assim.

Como já disse no começo, esse filme, se não for meu favorito de verdade, com certeza está na minha lista de favoritos, então sou um pouco suspeito para elogiá-lo e parecer um puxa-saco, mas reúna todos os elementos que eu falei: a fotografia, a música, as referências. Junte tudo isso com uma história que vai muito além do clichê hollywoodiano em que o cara fica com a garota no final, apesar de todas as adversidades. Em (500) Dias, o cara fica com a garota por um tempo, não dá certo, não era pra ser, ela termina com ele e já dizem tudo isso logo nos primeiros minutos de filme. Isso torna o filme mais real, como se pudesse ter acontecido com um amigo meu ou até mesmo comigo.

(500) Dias com Ela é um filme diferente com uma história que parece muito real, que corta teu coração e que, no final, mostra que até os maiores desastres possuem algo de bom. É um filme sensível, com várias piadas e que reproduz, de forma engraçada ou verossímil, os acontecimentos de um relacionamento que começa relativamente bem e que vai apresentando vários problemas, principalmente de entendimento, no meio do caminho. Tudo isso torna-o um longa necessário para qualquer um que está atrás de coisas diferentes e que tem um tempinho de sobra. Vale a pena, disso eu lhe garanto.

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