Marina, de Carlos Ruiz Zafón







Há tempos eu tinha vontade de ler algo do Zafón. Resolvi começar por Marina, pelos comentários positivos e por estar em promoção. Confesso que demorei um pouco pra pegar o ritmo do autor, mas, terminado o livro, o meu desejo é de ler o resto de seus títulos. Aliás, estou atrás de A Sombra do Vento, aceito doações.

"Cedo ou tarde, o oceano do tempo nos devolve as lembranças que enterramos nele."

O livro começa pelo fim, quando um garoto matriculado num internato e que desaparecera durante sete dias finalmente é encontrado, vagando pela estação de Francia. A história é contada sob sua perspectiva; seu nome é Óscar Drai. A partir daí, remontam-se todas as circunstâncias que o levaram a sumir durante aquela semana, narram-se acontecimentos desde anos anteriores. Tudo se resume, genericamente, ao seu encontro com Marina e em como aquela menina misteriosa virou sua vida de cabeça para baixo.

Tudo nessa história tem um aspecto meio sombrio. Os cenários são, em sua maioria, melancólicos. Os personagens são introvertidos, mesmo quando alegres e carinhosos. Talvez tudo isso seja reflexo de a trama se passar no final da década de 1970, em Barcelona, ambientada principalmente em bairros antigos ─ mesmo para a época ─ e abandonados. Talvez o estilo com que Zafón descreve os cenários e o comportamento das personagens tenha sua culpa nessa atmosfera moribunda.

"Nosso corpo começa a se destruir desde que nasce. Somos frágeis. Criaturas passageiras. Tudo o que resta de nós são as nossas ações, o bem e o mal que fazemos aos nossos semelhantes."

O começo da história é interessante; o modo como a vida de Óscar começa a mudar ao conhecer Gérman e sua filha Marina, e a forma até um pouco angustiante como se relacionam; o envolvimento dos dois com o passado de um homem e seus desdobramentos destrutivos que agora ameaçam suas vidas. Este envolvimento se dá meio sem querer, quando resolvem seguir uma mulher vestida de negro que visita um túmulo sem nome no cemitéro, em todo último domingo do mês.

No decorrer do livro, entretanto, fui perdendo o pique, os clímax não tinham intensidade suficiente para me manter preso à leitura. Os dois jovens seguiam suas "investigações" e mantinham um relacionamento estranho. Mesmo com demonstrações de afeto sinceras, a impressão é que se mantinham um pouco distantes; muitas vezes não entendi os comportamentos de Marina e de Gérman. Isso se deve também pelo fato de o livro ter diálogos curtos e não muito explorados quando Óscar e Marina estão a sós. Porém, mais adiante, a ação e a reviravolta final deram nova vida à história e meus ânimos foram resgatados.

"A vida concede a cada um de nós apenas alguns raros momentos de felicidade. Às vezes são apenas dias ou semanas. Às vezes são anos. Tudo depende da sorte de cada um."

Ao cabo, tudo se explica. Todos os comportamentos estranhos passam a ter motivo, graças a revelações inesperadas. Confesso que a obra terminou bastante bem.

Marina é o tipo de livro que quanto menos você souber do enredo quando for ler, melhor. E ao terminar, dá aquela vontade de reler, para encaixar tudo o que acontece desde o início com as revelações finais. Mesmo com aquela desanimada no meio da narrativa, gostei bastante de Marina em muitos aspectos. Foi um livro que me agradou bastante e, como já dito, me inspirou a ler mais do autor.

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