O Planeta dos Macacos - A Origem, de Rupert Wyatt


Dia 24 desse mês estreia, em circuito nacional, a segunda parte da introdução à historia de O Planeta dos Macacos. Antecedendo os eventos da narrativa iniciada em 1968, esse é o segundo filme produzido desde 2011. Mas é do anterior que queremos falar. Rupert Wyatt dirige o que consigo chamar de um filme poesia. Partindo do clichê “cientista procura cura para doença que o atinge pessoalmente”, o filme consegue chegar em um patamar de qualidade muito alta, com roteiro, direção e atuações memoráveis, mesmo que não muito reconhecidas por aí.

James Franco é um dos melhores atores atualmente, alguns discordam mas poucos negam, e traz veracidade à aflição de um sujeito que põe sua vida em espera para cuidar do pai com Alzheimer, John Litgow perfeito em qualquer papel, invariavelmente. Quem assiste compartilha das emoções do cientista: ficamos tristes pelo pai em um de seus acessos, aflitos quando ele desaparece de casa e mesmo felizes quando parece acontecer uma melhora no quadro. Andy Serkis é um espetáculo a parte! Um ator que não tem seu rosto no filme e ainda assim traz tanta expressão à uma criatura feita em CGI* é digno de reconhecimento. Mesmo sem um Oscar até hoje, Serkis, que já foi Gollum/Smeágol e King Kong, se torna um chimpanzé por completo, e nos deixa boquiaberto com a entrega que um ator consegue ter com um personagem. Quem assiste os extras do filme fica ainda mais surpreso. É incrível ver um humano gesticular por bananas e enxergar um macaco. Uma das maiores injustiças da historia da Academia.

Planeta dos Macacos é mais que um festival de acertos técnicos. Com várias referências aos antigos filmes da saga, inclusive a clássica “take your stinking paws off me, you damn dirty ape”, o filme narra a história de Caesar, filhote de Bright Eyes, uma das cobaias do laboratório onde Will (Franco) trabalha. Sendo modificado pelo medicamento administrado na mãe, Caesar acaba sendo adotado por Will e desenvolve uma inteligência extrema para sua espécie. Por um incidente com um vizinho, Caesar é recolhido e trancafiado, ficando aos cuidados do maldoso Draco Malfoy, opa peraí, filme errado. Fazendo uso de sua inteligência adquirida, Caesar incita uma rebelião, controlando os outros macacos através de cookies (simpático), contra os maus tratos sofridos, que culmina na total descrença na bondade humana e na necessidade dos símios de se tornarem uma sociedade independente. A partir daí já sabemos que não fica bem pro nosso lado.

A filosofia contida no filme, os jogos de poder, as expressões de Caesar, formam um jogo visual e emotivo tão complexo que mesmo as melhores cenas de ação do filme não serão o ponto mais lembrado. Há comparações com eventos históricos facilmente reconhecidas, e é muito divertido fazer tais comparações. Planeta dos Macacos – A Origem é um filme incrível e vai permanecer, pelo menos na minha consciência, por muito tempo. É exatamente assim que nasce um clássico. Nesse caso, de novo!

(*): CGI é um termo usado para se referir a coisas produzidas através de computação gráfica

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