Sangue no Inverno, Mons Kallentoft


“Amor e morte moram lado a lado. Seus rostos são únicos e idênticos. Não é preciso parar de respirar para morrer ou respirar para viver.”
No meio do inverno mais frio dos últimos tempos na Suécia, um corpo jaz pendurado numa árvore com sinais que lembram antigos rituais vikings. É a partir daí que Malin Fors, a detetive protagonista, inicia sua jornada em busca da solução desse crime. O livro tem narrativa simples e bem estruturada, colocando a disposição do leitor detalhes da vida pessoal de Malin a fim de humanizar a heroína, como os problemas com sua filha adolescente que em determinado momento se sobrepõem a narrativa principal. Ambientado em uma cidade até então pacata, tão pacata que chega a ser entediante para que o leitor se foque no que o autor quer: o crime e a vida da detetive, este último parecendo em certos momentos ser o mais importante assunto a ser tratado na história.

Além de Malin, temos POV* de outros personagens, inclusive da vítima! É como se ele acompanhasse a investigação funcionando como um ‘’guia espiritual’’ para a atribulada investigadora. O começo do livro pode até ser chamado de filosófico e expõe pensamentos e sentimentos de personagens ao invés da regular descrição de cenários e fisionomias. Logo em seguida às apresentações e colocação de eventos e pessoas, a narrativa se torna rápida e empolgante, levantando diversos questionamentos que o leitor nem precisa fazer, pois o autor mesmo os indica, ponto que achei desnecessário, e culmina numa avalanche de questionamentos e... 

Fim! Isso mesmo, o livro acaba sem resolução de várias perguntas que você provavelmente terá: quem pôs a vítima numa árvore? Quem é o culpado? Culpado ou culpados? A ausência de todas as respostas dá a indicação que o livro não é apenas sobre o crime, é sobre a detetive também. Sobre ela e sobre sua família que tiveram o cenário colocado para durar mais os três livros restantes da série. 

Sangue no inverno é um livro policial, mas que se estende por outros aspectos como os psicológicos, dramáticos e filosóficos, e é a prova (não que precisássemos de uma) que os autores suecos são muito competentes em entregar um thriller, embora Mons tenha entregado bem mais que isso.

(*)POV é uma sigla, em inglês point of view, que significa ponto de vista.

0 comentários:

Postar um comentário

 

BLOG HORRORSHOW - CRIADO E DESENVOLVIDO POR ARTHUR LINS - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © 2015