Inferno, Dan Brown

"Vós que aqui entrais, abandonai toda a esperança."
De Dan Brown, havia experimentado apenas O Código da Vinci e, apesar de ter gostado bastante, acabei não lendo mais nada do autor. Depois de ganhar Inferno, fui lembrado de quão inteligentes são suas tramas e de que preciso ler mais obras de sua autoria.

O protagonista é o mesmo Robert Langdon já conhecido de outros livros, renomado professor e simbologista. Dessa vez, ele acorda numa cama de hospital com um ferimento a bala na cabeça, sem se lembrar de nada das últimas 36 horas. Da janela do quarto, reconhece estar em Florença, na Itália, sem ter a mínima ideia de como fora parar ali. Então, ali mesmo, no hospital, uma mulher mata um médico a tiros tentando chegar a Robert, que com a ajuda de Sienna Brooks ─ sua médica ─, consegue fugir. Inicialmente refugiado no apartamento da doutora, começa uma saga à procura de respostas.
"Os lugares mais sombrios do Inferno são reservados àqueles que se mantiveram neutros em tempos de crise moral."
A exemplo de outras obras de Dan Brown, a história se desenrola através de uma série de códigos que vão sendo desvendados, levando Robert Langdon a diferentes destinos e a novas pistas a serem interpretadas. Passando-se na Itália, Inferno é, além de um livro de mistério e entretenimento, uma aula de simbologia, história da arte e literatura. Partilha de diversas menções à arquitetura, escultura e pintura italiana ao longo de seus cenários, revelando as mentes brilhantes por trás de cada canto de Florença. Além disso, a intrincada série de códigos com a qual o simbologista se depara é elaborada por um homem obcecado pela obra-prima de Dante Alighieri, A Divina Comédia, que tem seus versos como base do mistério.
"A verdade só pode ser vislumbrada através dos olhos da morte."
É arrepiante a forma como tudo se encaixa na história de Dan Brown. O leitor vai, de acordo com o que lê, elaborando suas teorias a respeito da trama, analisando as probabilidades. E quando finalmente se convence de que já entendeu o que está por trás de tudo aquilo, algo novo acontece e põe sua teoria abaixo. E isso acontece à todo momento. Inferno é um livro muito pouco óbvio, algo que me atrai bastante.

A vida de Robert Langdon continua um segundo mistério para nós, leitores. Parece que o homem só existe quando há alguma "caça ao tesouro" para resolver, sua vida pessoal é muito pouco explorada pelo autor. Vi algumas pessoas reclamando da inteligência dos personagens e da forma como sempre têm uma boa solução para tudo. Em Inferno, na companhia de Sienna Brooks ─ dotada de um QI sobrenatural ─, isso é bastante evidente. Porém, em momento nenhum isso me incomodou, e creio que seja importante para o desenrolar da história sem que se torne muito cansativa.
"Nada é mais criativo ou destrutivo do que uma mente brilhante com um propósito."
Por fim, Dan Brown nos incita uma reflexão a respeito dos propósitos do homem por trás de todas aquelas perguntas. A teoria que defende é convincente, mas seus métodos, radicais. Faz-nos pensar o quanto ela é real e quais seriam as medidas mais adequadas para se prevenir a catástrofe que anuncia (teoria esta que deve ser descoberta durante a leitura).

Apesar de tudo, Dan Brown novamente peca em alguns aspectos, se extendendo demais em algumas descrições de obras de arte e cenários, o que torna algumas páginas cansativas. De modo geral, Inferno é uma história inteligente, intrigante, e não é à toa que foi um dos livros mais vendidos no mundo em 2013, ocupando o terceiro lugar no Brasil.

2 comentários:

  1. Concluí a leitura desse livro há poucos dias e adorei! Esse livro também me surpreendeu diversas vezes, nada é o que parece. O autor até mesmo utiliza algumas artimanhas para fazer o leitor acreditar no que não é verdade - teve uma parte em que eu tive de voltar algumas páginas para verificar.Porém, tudo foi devidamente explicado, incluindo o começo um tanto estranho, que eu tinha julgado até mesmo um pouco forçado. A revelação do que era a tal "peste" me surpreendeu. Eu esperava mortes horríveis, mas o método utilizado foi passivo e até mais eficaz - e um pouco sombrio também, devido ao que é possível fazer com ele. Os personagens foram bem explorados (adoro histórias onde eles têm falhas no caráter e não são aquelas pessoas certinhas que não conseguem nem mesmo falar mal dos outros). Na minha opinião, o autor soube usar bem os dilemas dos incompreendidos que não conseguem se encaixar. A questão biológica e evolucionária apresentada também é discutível. Como estudante de biologia, eu acredito ser insensato manipular o genoma humano.

    http://contosdemisterioeterror.blogspot.com.br/

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    1. Boa noite, Laís! Realmente o livro é surpreendente, de um jeito que só o Dan Brown sabe fazer. A revelação do que de fato era a "peste" me deixou boquiaberto, não estava esperando aquilo... Na verdade, Zobrist ganhou um pontinho comigo. Mesmo que seja um método radical, me pareceu muito mais viável do que a história estava nos levando a esperar da "peste": uma verdadeira chacina. Enfim, o livro incita essa reflexão meio neomalthusiana, e me fez perguntar até que ponto tudo aquilo é verdade (não há como negar que é um problema que a humanidade vai ter que enfrentar).
      Que coincidência! Começo minha facul de bio esse ano haha obrigado pelo comentário :)

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